Multiplano: Ferramenta Pedagógica para o ensino de Matemática para deficientes visuais.
Aristóteles Meneses Lima
“No início de um trabalho, a gente imagina que é uma tarefa impossível
“No início de um trabalho, a gente imagina que é uma tarefa impossível
mas, com o passar do tempo, percebemos que somos todos iguais,
apesar de vivermos em uma sociedade que avalia as pessoas, não
pela sua capacidade e sim pelas suas debilidades. As pessoas ditas
normais conseguem viver sozinhas, mas os portadores de
necessidades educativas especiais precisam de nossa ajuda para
superar as barreiras que foram criadas com a discriminação.”
(Rubens Ferronato)
A visão é um sentido que contribui para a integração das informações captadas pelos diferentes sentidos. Podemos ouvir e sentir algo, mas é através da visão que integramos todos os elementos da audição e da sensação como parte de um todo. Quando o sentido da visão se encontra em falta é importante poder compensá-lo, por fora a garantir, principalmente em cenários de educação formal, que este não se torne uma barreira no acesso a participação nos processos de ensino e de aprendizagem e construção do sucesso acadêmico.
A linguagem desempenha um papel importante tanto no desenvolvimento como na educação de alunos cegos. A linguagem oral deve, por um lado, ser descritiva e por outro lado cuidada, procurando atender o rigor da escrita matemática. A linguagem escrita concretamente a escrita braille para a matemática é um elemento fundamental da aprendizagem e desenvolvimento da autonomia nos alunos cegos. Neste sentido é de estrema importância que o professor de matemática tenha conhecimento neste domínio, para poder acompanhar o trabalho desenvolvido pelo aluno cego, semelhante ao atendimento ao aluno que tem visão.
Para os deficientes visuais o desenvolvimento do tato é fundamental para sua autonomia. Com esse contato o aluno cego possibilita explorar a realidade que o rodeia. Um dos aspectos que potencia o desenvolvimento desse sentido nas aulas de matemática é o uso de materiais manipulados.
Com essa necessidade, o professor de matemática tanto da escola normal quanto o da especializada tem que levar a seus alunos cegos materiais onde ele possa ter noção do conteúdo estudado. O ensino de matemática, por sua vez tem seus agravantes, porque muitos dos seus conceitos, para ser abstraídos pelo aluno, precisa fazer um paralelo com a visualização imediata, com o resultado concreto dos cálculos. Porém os recursos didáticos disponíveis que propiciem ao cego a visualização de uma figura geométrica ou de um gráfico, por exemplo são escassos e por vezes insuficientes.
Diante dessas dificuldades o professor Rubens Ferranato, professor universitário , ao lecionar a disciplina Cálculo Diferencial Integral deparou-se com um aluno cego, com isso ele prometeu a esse aluno que iria encontra uma forma que ele aprendesse matemática. Em uma busca incessante, um dia ao ir a uma loja de materiais de construções viu a concretização da promessa feita. Com uma placa perfurada, alguns rebites e elásticos ele foi ao encontro do aluno, o qual após realizar alguns exercícios afirmou - “Professor o senhor não inventou um material para mim, mas, para todos os cegos do mundo. Era isso que faltava para eu aprender matemática.”. Entusiasmado com os resultados o método foi se aperfeiçoando de acordo com as necessidades e tornou-se Multiplano – instrumento que possibilita por meio do tato, a compreensão de conceitos matemáticos. Com esse material é possível o deficiente visual compreender conteúdos matemáticos tais como: operações, equações, proporções, regra de três, funções, matriz, determinante, sistemas lineares, gráficos de funções, funções exponenciais e logarítmicas, trigonometria, geometria plana e espacial, estatística, limites, derivadas, integrais e muitos outros assuntos.
O Multiplano Concreto é considerado uma "adaptação curricular", um "recurso didático diferenciado", que possibilita a todos os alunos, principalmente aos deficientes visuais, um aprendizado mais completo e significativo em matemática, tendo em vista que eles podem visualizar o resultado das operações que realizam. Além disso, permite a esse grupo de alunos, aprofundar conceitos, até então trabalhados de forma verbal, como gráficos, polinômios, proporção, dentre outros, que ficavam impossibilitados de serem trabalhados nos recursos até então existentes, como por exemplo, o sorobã.
A possibilidade dele ser utilizado por todos os alunos, em especial pelos cegos, o Multiplano abre caminhos para que a inclusão possa emergir como uma realidade nas escolas, significando não só o aumento do número de alunos deficientes visuais nas classes regulares como também a melhoria da qualidade do atendimento, sem que este se configure de forma distinta. O instrumento propicia condições para que o educando, cego ou não, desenvolva sua consciência crítica no sentido de analisar todas as informações com cautela, ao invés de simplesmente absorvê-las, como se seguissem uma hierarquia incontestável, além de possibilitar a associação de enunciados a situações da vida prática, munindo essas pessoas com uma bagagem de fundamental importância no que converge à aquisição de independência pessoal e social.
O Multiplano além do concreto existe o virtual, o aluno após manter contato com concreto não encontrará dificuldades em utilizar o virtual porque os conceitos são os mesmos. O software tem a mesma facilidade de operação, com teclas de atalhos, poderá acessar todas as funções disponíveis pelo programa, todo esse processo se dá mediante comandos falados. Para acessar o programa basta ligar o equipamento onde o mesmo está instalado e pressionar as teclas “ctrl+alt+m” em seguida terá a sua disposição uma tela com todas as opções do software, arquivos de ajuda e todas as funções necessárias para desenvolver o estudo, levando em consideração todo o aprendizado adquirido no instrumento concreto.
Portanto, a inclusão social e digital realmente é possível porque todos têm a possibilidade de interagir no grupo, enriquecendo-se com as vantagens que as relações humanas travadas em meio à diversidade, além de proporcionar a igualdade de oportunidades. O multiplano apresenta diversas outras possibilidades de uso, e todas elas podem ser trabalhadas por cegos e videntes, sem que haja necessidades de adaptações, a imaginação e força de vontade são elementos essenciais no desenvolvimento dessa ferramenta.
REFERÊNCIAS
MULTIPLANO. Manual do multiplano. Disponível em: <http://www.multiplano.com.br> Acesso em: 15 de Setembro de 2009.
SOCIEDADE DE ASSISTÊNCIA AO CEGO – SAC. Multiplano: Invento facilita o estudo de Matemática pelos cegos. Disponível em: < http://www.sac.org.br/DN00033.htm> Acesso em: 01 de outubro de 2009.
BLOG CADEIRANDO SOBRE A DIVERSIDADE. Multiplano para cegos. Disponível em: <http://cadeirando.blogspot.com/2009/08/matematica-para-cegos-multiplano.html> Acesso em: 04 de Outubro de 2009.
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